Miguel Afonso Caetano on Thu, 25 May 2006 16:20:54 +0200 (CEST)


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[nettime-br] "Tecnologias de Resistência: Transgressão e Solidariedade nos Media Tácticos"


(estou enviando aqui o abstract da minha tese de mestrado - se alguém
quiser, eu envio o PDF)

Tecnologias de Resistência:
Transgressão e Solidariedade nos Media Tácticos

Miguel Afonso Caetano


Resultando da convergência entre os media, a tecnologia, a arte e a política, os media tácticos constituem um conjunto de práticas culturais e um movimento teórico surgido na Europa durante a primeira metade da década de 90, difundindo-se até ao final do milénio para a América do Norte e posteriormente para o resto do mundo. Tirando inicialmente partido das câmaras de vídeo mas também, a partir de uma certa altura, das tecnologias digitais como CD-ROMs e a Internet, o produtor deste tipo de media assume-se como um híbrido, desempenhando em simultâneo o papel de artista, activista, teórico e técnico.

Este tipo de utilizações subversivas e/ou criativas das tecnologias de
informação e
comunicação por indíviduos normalmente excluídos do seu acesso caracteriza-se
pelo experimentalismo, a efemerabilidade, a flexibilidade, a ironia, o
amadorismo.
Partindo da distinção entre tácticas e estratégias estabelecida por
Michel de Certeau e
retomada por autores como David Garcia e Geert Lovink, esta
dissertação examina o
modo como os media tácticos se apresentam como "media de crise, crítica e
oposição". Empregando uma análise teórica das práticas de alguns colectivos,
pretendemos demonstrar que as tácticas de protesto destas formas de produção
mediática representam uma posição de permanente combate contra um adversário
concreto e explícito (Estado-nação,  instituição supra-nacional  ou empresa
transnacional).

Depois de abordarmos os perigos a que este modelo antagonista dos media como
arma de resistência induz, propomos uma perspectiva alternativa de
media tácticos a
partir de uma análise empírica de dois projectos brasileiros, o Metáfora e o
MetaReciclagem. Em conclusão, argumentamos que estas e outras
iniciativas de base
adaptam as práticas de subversão e resistência observáveis nos
colectivos activistas
dos países desenvolvidos às especificidades de um país periférico como
o Brasil. Ao
fomentarem a reapropriação da tecnologia para fins de transformação
social, estes
grupos potenciam as capacidades criativas e comunicativas das
comunidades locais,
com vista à sua auto-sustentabilidade e autonomia.

Palavras-chave: media tácticos, estratégias, activismo mediático,
media alternativos,
hacker, software livre, reapropriação tecnológica, reciclagem, Brasil.


Índice Introdução

9
Notas Metodológicas e Epistemológicas
                                             12
Plano da Dissertação
                                                           17
1 - Elementos para a História e Caracterização dos Media Tácticos
                                   21
1.1 - Génese do Movimento
                                                    21
1.2 - Principais Definições
                                                        25
1.3 - Abordagens Teóricas
                                                      27
1.4 - Distinção entre Media Alternativos e Media Tácticos
                                    35
2 - Genealogia das Mobilizações Informacionais
                                             42
2.1 - Décadas de 70 e 80
                                                        45
2.2 - Década de 90
                                                            51
2.3 - Mediactivismo: do Direito à Informação ao Direito à Auto-gestão
da Comunicação   54
3 - A Influência do Movimento do Software Livre e da Ética Hacker
                                60
3.1 - O Processo de Desenvolvimento do Software Livre
                                   69
3.2 - A Ética Hacker
                                                           72
4 - A Táctica e suas Metáforas Teóricas
                                                    75
4.1 - A Táctica e a Estratégia em Michel de Certeau
                                        76
4.2 - A Táctica enquanto Détournement
                                             79
4.3 - A Táctica enquanto Rizoma
                                                  83
4.4 - A Táctica enquanto Zona Autónoma Temporária (TAZ)
                             87
4.5 - A Táctica enquanto Swarming
                                                92
4.6 - A Táctica enquanto 'Multidão'
                                                  98
4.7 - A Táctica enquanto Smart Mob
                                             103
5 - Práticas de Media Tácticos
                                                        110
5.1 - Culture Jamming: Guerrilha Semiológica
                                       110
5.2 - Hacktivismo:  O Contra-poder do Ciberespaço
                                     117
5.3 - Artivismo: Crítica e Subversão na net.art
                                           129
5.4 - A Rede Informativa Indymedia: Jornalismo open-source
                             144
5.4.1 - O CMI-Portugal: Um Pequeno Estudo de Caso
                           152
6 – Contributos Para Uma Crítica do Conceito
                                             168
6.1 - "O Alt.Everything da Cultura e da Política"
                                          168
6.2 - O Espectro da Cooptação pelo Capital
                                           170
6.3 - O Eterno Retorno do Sublime Tecnológico
                                      172
6.4 - A Subversão Impossível dos Media
                                           175
6.5 - A Retórica do Inimigo e a Metáfora Terrorista
                                       178
SEGUNDA PARTE
1 - O "Jeitinho" Digital Brasileiro: "Gambiarras", "Mutirões" e
"Puxadinhos"                       188
1.1 - Mídia Tática
                                                           189
1.2 – Contratv
                                                             195
1.3 – Re:combo
                                                          195
1.4 - Rádios Livres: Rádio Muda
                                                196
1.5 – CMI-Brasil
                                                          198
1.6 - Brasil, Nação Hacker
                                                     201
2 - Projecto Metáfora: Caos e Ordem numa Inteligência Colectiva
                                205
2.1 – Eventos e Projectos
                                                      210
2.2 - A Participação no Midia Tática Brasil
                                            216
2.3 – A Tentativa de Criação de uma ONG e o Fim
                                   217
2.4 - Liderança e Motivação numa "Caordem"
                                     222
3 - MetaReciclagem: Reapropriação da Tecnologia para Fins de
Transformação Social        226
3.1 - A Replicação da Metodologia da MetaReciclagem
                                233
4 - Análise dos Dados Obtidos por Questionário
                                            239
4.1 - Perfil dos Colaboradores do Metáfora e do MetaReciclagem
                            239
4.2 - Opiniões em Relação ao Metáfora e MetaReciclagem
                              243
4.2.1 - Inspiração Política dos Projectos
                                          243
4.2.2 - Distinção entre Inclusão Digital e Reapropriação Social da
Tecnologia             244
4.2.3 - Avaliação dos Pontos Fortes e Fracos
                                      247
4.2.4 - Visões Pessoais Sobre o Metáfora e o MetaReciclagem
                        249
Conclusão Final
                                                                251
Bibliografia

258
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